terça-feira, 17 de maio de 2011

Coluna: Santa Cruz em memória‏

Ao lado do Blog Sulanca News, damos o ponta pé inicial a esse projeto que tem por objetivo levantar discussões sobre a história do nosso município incentivando a pesquisa que venha contribuir para o resgate da mesma, por tanto leitor, ao ler nossa coluna e discordar de algum fato histórico, sinta-se a vontade para mandar email e debater o assunto.
Antônio Burgos, Mito ou realidade?
Entender o surgimento da cidade de Santa Cruz do Capibaribe tem sido um desafio para os amantes da história, em virtude da escassez de fontes oficias sobre essa região. Mas, diferente dos historiadores metódicos do século XIX, ditos positivistas, que buscavam narrar os fatos como realmente aconteceram e que se negavam a utilização de outras fontes senão as escritas e expedidas pelos órgãos oficiais (REIS, 2006), nossos textos buscam sua fundamentação a partir da associação dessas fontes, com outras fontes diversas, quando possível, pois como aborda Michael Pollack, nosso objetivo não é tratar a história como memória fixa e imóvel, mas tentar obter informações naquilo que as fontes escritas silenciam, transformando o silêncio em sonoridade, que auxilia a produção do conhecimento histórico.
É com essa analise que abordamos o surgimento de Santa Cruz do Capibaribe em meados do século XVIII. Apesar de não haver uma comprovação historicamente escrita, baseadas em documentos, cartas ou algo do gênero, a oralidade nos leva a Antônio Burgos, homem de origem portuguesa que vivia em Recife, capital da província de Pernambuco. Tomando por base as fontes orais, Antônio Burgos teria adoecido de um mal grave, apesar de não ser relatado qual a doença, e teria sido aconselhado pelos médicos a procurar local um clima mais ameno (seco). O português, acompanhado de seus escravos, teria saído da capital margeando o rio Capibaribe até chegar às terras que hoje pertencem a Santa Cruz do Capibaribe.
Segundo relatos, Antônio Burgos teria gostado do clima e logo tratou de construir uma cabana de taipa para se alojar. Um pouco mais adiante, à margem direita do Capibaribe, construiu uma capela também de taipa, no interior da qual colocou imagens sagradas.
O nome Santa Cruz supostamente teria originado da grande cruz de madeira que teria sido colocada em frente à capela construída próxima a sua casa, a partir da qual teve inicio o povoamento. Não se sabe ao certo quanto tempo o lusitano viveu na região. Relata-se que o mesmo desapareceu deixando a choupana e a capela com o crucifixo. Existem duas hipóteses para o desaparecimento de Burgos, a primeira é que teria sido curado e voltado para a capital da província, a segunda é que o mesmo teria falecido e seus escravos debandado. A historia é oral e não há nenhum documento de sustentação para mesma (Quem tiver algum documento sinta-se a vontade, o objetivo é esse), deixando assim em questionamento acerca da real existência de Antonio Burgos, pois não existe registro de descendentes do português ou de seus escravos.
Com a suposta morte de Antônio Burgos, até o surgimento dos primeiros habitantes e fazendeiros que chegaram as terras de Santa Cruz do Capibaribe, há um longo período de tempo que ficou obscuro na história da cidade e no esclarecimento da formação da mesma.
Contudo, se ignorarmos os novos métodos de pesquisa e a existência de Antônio Burgos e nos pegarmos aos registros e documentos, a cidade de Santa Cruz do Capibaribe teria surgido como tantas outras cidades do interior brasileiro, principalmente no nordeste, a partir das grandes fazendas. Mas isso é história para próxima coluna.
Romenick Stíffen- Historiador

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